Me vejo ali. Parado. Apenas pensando: essa noite é a minha noite, hoje tudo dará certo. Mau sabia eu de tudo que viria a acontecer. Já me encontrava um pouco irritado, pois o pequeno atraso dos meus familiares poderia atrasar a minha noite. Minha irmã demorava a estar pronta, e eu já não me aguentava mais naquele terno alugado.
Saímos de casa. Encontramos meu cunhado no lugar combinado. Pronto, agora vamos a festa.
Chegando na festa mais um transtorno, um segurança chato que não me deixava entrar, pois levava comigo uma caixa com os presentes dos astros da noite, e nessa caixa, segundo o chato segurança, poderia haver uma câmera fotográfica. Após uma pequena discussão consegui entrar, lavando comigo a caixa.
Ao desembarcar a caixa ao responsável pela festa, fui direto falar com o meu amigo, que é melhor descrito como irmão. Ele chegara a festa pouco antes de mim. Logo perguntei a ele sobre a pessoa que eu mais esperava ver lá, mas ela não havia chegado ainda. Para relaxar, fui cumprimentar meus amigos e seus familiares.
O tempo passa, e a minha ansiedade aumenta. Será que ela irá faltar? Pouco tempo depois ela chega. O meu alívio chega junto. Pronto tudo está como deveria, agora era só esperar o momento mais oportuno para fazer concretizar a minha noite.
As comemorações começam, entregam-se os devidos documentos, dançam-se as valsas. Agora começa efetivamente a festa. Todos felizes, haviam terminado um ciclo.
A pressão começa, tinha de falar com ela, já estava tudo praticamente certo, sairia da festa concluindo que tudo havia corrido como o esperado, nenhuma surpresa. Mas, se já era tão certo o ósculo, porque hesitava tanto? Meu passado já me ensinara: nada é certo até que aconteça.
Não me perdoaria se fosse embora da festa sem tomar a atitude adequada. Fui tratar de arrumar coragem. Copos de cerveja não duravam muito tempo cheios em minhas mãos. Mas mesmo assim não adiantava. Seria impossível eu tomar uma atitude? Eu sempre havia de ser o fraco para atos? Meus amigos trataram de dar um jeito nisso, meu irmão, mais uma amiga, que poderia ser chamada de mestra, e somado a eles uma terceira pessoa, uma mulher que era minha conhecida, já aviamos estudado juntos, lembrava-me muito bem dela, não se esquece olhos tão lindos com facilidade. Os três fizeram de tudo para me encorajar, me fizeram acreditar que eu não era escravo da timidez. Mesmo com esse pensamento em mente, a atitude não vinha. Resolveram os três partirem para uma abordagem mais incisiva. Cada um me deferiu um tapa na cara, meu irmão se sentiu mais a vontade e me bateu cinco vezes na face.
Após muitos copos de cerveja e sete tapas na cara, tomei a coragem necessária. Afinal já estava tudo certo, vamos em frente. Enchi meu peito de ar e fui. Peguei-a pelo braço, levando-na até o canto do salão. Sem dizer nada forcei uma investida, sem o resultado esperado, balbuciei algumas palavras e forcei novamente a investida, novamente sem desfecho positivo.
Resolvi então desistir, saímos do canto, encontrei meu irmão e seu enrosco, que tentavam me consolar. Mas o único pensamento que passava pela minha cabeça era que o meu passado estava certo, nada é certo até que aconteça.